Antonio Meneses
24 de julho de 2024“Iberê Gomes Grosso é desses artistas predestinados. Um artista de primeiro plano, de uma musicalidade e de um talento superior. Sinto-me orgulhoso de ter sido seu perseverante espectador artístico e de haver sido, frequente e inteligentemente, por ele, interpretado.” (Heitor Villa-Lobos. Paris, 1948) Um dos mais importantes violoncelistas e pedagogo do violoncelo brasileiro, nasceu em Campinas, estado de São Paulo. De uma família de importantes músicos, era nada menos do que sobrinho-neto do compositor e maestro Carlos Gomes (1836 -1896). Iberê iniciou os estudos de violoncelo por volta dos 12 anos de idade com seu tio, o também violoncelista Alfredo Gomes. Alfredo, após estudar na Bélgica, fixou-se no Rio de Janeiro, onde foi professor do Instituto Nacional de Música. Iberê foi estudar com o tio na então capital do Brasil e por lá se estabeleceu. Quando concluiu o curso de violoncelo no Instituto com medalha de ouro, aos 19 anos, ganhou como prêmio um intercâmbio a Paris, onde pode se aperfeiçoar por quase dois anos na École Normale de Musique, sob a orientação de Diran Alexanian, que havia sido assistente de Pablo Casals. Iberê foi para Paris com sua irmã, Ilara Gomes Grosso, exímia pianista também formada com medalha de ouro pelo Instituto Nacional de Música e com quem se apresentava em duo de violoncelo e piano. Iberê voltou ao Brasil porque fora recrutado pelo serviço militar em 1928. Após esse período de serviço militar, começou a tocar em orquestras de rádios, como a da Rádio Nacional e em cassinos, para garantir a sobrevivência. Iberê foi músico fundador da Orquestra do Theatro Municipal do Rio de Janeiro e da Orquestra Sinfônica Brasileira e foi professor de quase todos os grandes violoncelistas brasileiros do século XX: Aldo Parisot, Nany Devos, Alceu Reis, Italo Babini, Marcio Mallard, Atelisa de Salles, Antônio Guerra Vicente, Mário Tavares, Watson Clis, entre outros. Por seu intenso e importante trabalho como pedagogo do violoncelo, podemos afirmar que Iberê foi o mentor de uma “escola brasileira de violoncelo.” Texto: Fernanda Monteiro