Expoentes do Violoncelo no Brasil

Violoncelistas protagonistas da história do Violoncelo no Brasil.

Antonio Del Claro
Antonio Lauro Del Claro, violoncelista, concertista e professor. Nascido em 1950 em São Paulo, em uma família de músicos, começa a aprender violoncelo com o pai aos 7 anos de idade. Aos 13, inicia a carreira na Orquestra da Televisão Tupi. Pouco depois, torna-se o mais jovem integrante da Orquestra de Câmara Pró-Música de São Paulo e, na mesma época, da Filarmônica de São Paulo. Entre 1967 e 1973, ocupa o cargo de primeiro instrumentista (spalla) dos violoncelos da Orquestra Sinfônica Municipal. Ali, conhece o maestro italiano Nino Bonavolontà (1920-2007), que o incentiva a estudar na Itália. Em 1972, segue o conselho do maestro: frequenta o Curso Verão Musical de Taormina, no qual estuda violoncelo com o ítalo-romeno Radu Aldulescu (1922-2006) e música de câmara com o italiano Enrico Mainardi (1897-1976). Ganha o primeiro prêmio do festival promovido pelo curso. No ano seguinte, com bolsa do governo de São Paulo, muda-se para Paris para estudar com Robert Salles (1901-1992) e, entre 1974 e 1976, aperfeiçoa-se com o violoncelista fancês Pierre Fournier (1906-1986) na Suíça. Em 1983, torna-se professor da Universidade de Campinas (Unicamp), na qual permanece até a aposentadoria, em 1998. Entre 1988 e 1995, torna-se membro do grupo Artistrio. Durante a primeira década dos anos 2000, leciona na Fundação Carlos Gomes de Belém, no Pará, onde assume a direção artística do Encontro de Cordas e a regência da Orquestra de Cordas. Ocupa a mesma função no Encontro de Cordas de São Luís, no Maranhão, e participa como fundador da Camerata do Festival Internacional de Música do Pará. Entre 1995 e 2001, torna-se professor da Universidade Columbia, nos Estados Unidos, onde integra o Trio das Américas e realiza concertos pelo país. Como solista, atua à frente da Orquestra de Câmara de Moscou e das maiores orquestras sinfônicas brasileiras. Ao longo da carreira, obtém os prêmios da Associação Paulista dos Críticos de Arte (Apca) de Melhor Solista Jovem (1967 e 1972) e de Melhor Solista (1992), e o Prêmio Carlos Gomes de Melhor Solista (1999). Os compositores Camargo Guarnieri, Osvaldo Lacerda, Claudio Santoro e Almeida Prado dedicaram algumas de suas obras a ele.
Antonio Guerra Vicente – in memoriam
No Rio de Janeiro, onde nasceu em 1942, Antonio de Padua Guerra Vicente foi aluno de Iberê Gomes Grosso. Formou-se pela Escola de Música da UFRJ e aprimorou seus estudos no Conservatório de Paris, sob a orientação de André Navarra, um dos mais importantes violoncelistas do século XX. Como professor da Universidade de Brasília (UnB), onde foi o fundador do curso de violoncelo, formou gerações de violoncelistas que hoje ocupam posições de destaque no Brasil e no mundo. Atuou como solista à frente das principais orquestras brasileiras e foi membro fundador de diversos grupos camerísticos, com os quais fez inúmeras gravações, dentre eles: Quarteto de Cordas da UnB, Trio Barroco de Brasília, Duo Conversa a Dois e Trio de Brasília. Antonio Guerra Vicente fundou igualmente o grupo instrumental de cordas Quarteto de Brasília, com a violinista Ludmila Vinecka, a violista Glêsse Collet e o ex-spalla da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional de Brasília, Cláudio Cohen. Com o Quarteto de Brasília, Guerra Vicente colecionou prêmios e realizou turnês nacionais e internacionais, tendo passado pelos Estados Unidos e por países da Europa e da Ásia. A fama do grupo surgiu a partir do alto nível técnico dos quatro integrantes e de um repertório eclético: compositores clássicos, e alguns flertes com o popular. Filho do compositor e violoncelista José Guerra Vicente (também um dos fundadores da Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro), Antonio Guerra Vicente lançou em 2006, o livro José Guerra Vicente – O compositor e sua obra, uma biografia sobre o pai, contada a partir de escritos feitos pelo próprio José, além de ter dedicado seus últimos anos de vida à edição e gravação das composições do pai.
Antonio Meneses
Antonio Meneses nasceu em 1957 em Recife, no seio de uma família de músicos (seu pai era 1º Trompa da Ópera do Rio de Janeiro). Começou a estudar violoncelo aos dez anos de idade, e aos 16 anos conheceu o famoso violoncelista italiano Antonio Janigro que o convidou a frequentar sua classe em Düsseldorf e mais tarde em Stuttgart. Em 1977, ganhou o 1º Prémio no Concurso Internacional ARD de Munique e em 1982 o 1º Prêmio e Medalha de Ouro no Concurso Tchaikovsky de Moscou. Apresenta-se regularmente com as mais importantes orquestras do mundo: a Filarmônica de Berlim, a Sinfônica de Londres, a Sinfônica da BBC, a do Concertgebouw de Amesterdã, a Sinfônica de Viena, a Filarmônica Checa, a Filarmônica de Moscou, a Filarmônica de São Petersburgo, a Filarmônica de Israel, a Orchestre de la Suisse Romande, a da Rádio da Baviera, a Filarmônica de Nova Iorque, a National Symphony Orchestra (Washington D.C.) e a Sinfônica NHK de Tóquio, entre outras. Entre os distintos maestros com quem colaborou, contam-se Herbert von Karajan, Riccardo Muti, Mariss Jansons, Claudio Abbado, André Previn, Andrew Davis, Semion Bychkov, Herbert Blomstedt, Gerd Albrecht, Yuri Temirkanov, Kurt Sanderling, Neeme Järvi, Mstislav Rostropovich, Vladimir Spivakov e Riccardo Chailly. Apresenta-se regularmente em recitais de música de câmara, tendo colaborado com os quartetos Emerson, Vermeer, Amati e Carmina. Além disse foi membro do Beaux-Arts Trio de 1998 a 2008. Realizou duas gravações para a Deutsche Grammophon com Herbert von Karajan e a Orquestra Filarmônica de Berlim – Concerto Duplo para Violino e Violoncelo de Brahms, com Anne-Sophie Mutter; e Don Quixote de Richard Strauss. Gravou também o Concerto para Violoncelo de Eugene D’Albert e obras de David Popper, com a Orquestra Sinfônica da Basileia; os três Concertos para Violoncelo de Carl Philip Emanuel Bach, com a Orquestra de Câmara de Munique (Pan Classics); as seis Suites para Violoncelo Solo de J. S. Bach (Nippon Phonogram); o Trio com Piano de Tchaikovsky (EMI-Angel); os Concertos e a Fantasia para Violoncelo e Orquestra de Heitor Villa-Lobos (Auvidis-França); a obra completa para violoncelo e piano do mesmo compositor, com Cristina Ortiz, Cellisimo (Pan Classics) com Gérard Wyss; Seis Suites para Violoncelo de J.S.Bach (AVIE), obras de Schumann e Schubert com Gérard Wyss ao piano (AVIE), obras de Schuman com Maria João Pires e um CD comemorativo aos seus 60 anos em 2017 com o pianista brasileiro André Mehmari. Além de cumprir sua agenda de concertos, ministra cursos de aperfeiçoamento na Europa, Américas e Japão, sendo também professor titular de violoncelo na Hochschule der Künste de Berna, Suíça desde 2007 e ministra master-classes mensais na Academia Stauffer de Cremona, Itália. Antonio Meneses toca usualmente um violoncelo de Matteo Goffriller, construído ca. 1710 em Veneza. Em ocasiões especiais toca um violoncelo feito por Filippo Fasser e também um violoncelo barroco de 4 ou 5 cordas construído por Fabrice Girardin.
Gretchen Miller
Natural dos Estados Unidos, formou-se em violoncelo pela University of Arizona e pela Guildhall School of Music de Londres. Veio para o Brasil em 1973, ainda na juventude, a convite do Maestro I. Karabtchevsky, para integrar o naipe da Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB). Após três anos mudou-se para São Paulo, onde mora até hoje. Realizou intenso trabalho como professora de violoncelo, camerista e posteriormente, também como regente. Foi professora no Conservatório Dramático de Tatuí, Escola de Música de Piracicaba, Escola Municipal de Música, ULM e Faculdade Santa Marcelina, entre outras instituições. No Conservatório Musical Brooklin Paulista organizou diversas vezes a “Maratona do Cello”, com concertos que se iniciavam ao meio-dia e terminavam após as dez horas da noite, com alunos do nível iniciante aos mais avançados, alunos dela e de outros professores de São Paulo. Foi a professora de muitos violoncelistas que hoje se encontram dando aulas nas universidades ou em orquestras profissionais do Brasil e no exterior, entre eles: Wilson Sampaio, Tania Lisboa, Ângela Ferrari, Rodrigo Andrade, Malu Cameron, Alberto Kanji, Júlio Ortiz, Vana Bock, entre outros. Fundou e regeu a Orquestra Filarmônica Infanto Juvenil de São Paulo, com a qual se apresentou nos Estados Unidos e na Alemanha. Foi regente da Orquestra Sinfônica Jovem Municipal, da Orquestra Sinfônica Infanto Juvenil da Escola Municipal de Música de São Paulo, e da Orquestra de Câmara Visconde de Porto Seguro. Atualmente, leciona música de câmara na Faculdade Santa Marcelina, é regente da Orquestra de Câmara Miller e diretora artística do Amacordas, festival de música de câmara para amadores, que já se encontra em sua quinta realização.
Iberê Gomes Grosso – in memoriam
“Iberê Gomes Grosso é desses artistas predestinados. Um artista de primeiro plano, de uma musicalidade e de um talento superior. Sinto-me orgulhoso de ter sido seu perseverante espectador artístico e de haver sido, frequente e inteligentemente, por ele, interpretado.” (Heitor Villa-Lobos. Paris, 1948) Um dos mais importantes violoncelistas e pedagogo do violoncelo brasileiro, nasceu em Campinas, estado de São Paulo. De uma família de importantes músicos, era nada menos do que sobrinho-neto do compositor e maestro Carlos Gomes (1836 -1896). Iberê iniciou os estudos de violoncelo por volta dos 12 anos de idade com seu tio, o também violoncelista Alfredo Gomes. Alfredo, após estudar na Bélgica, fixou-se no Rio de Janeiro, onde foi professor do Instituto Nacional de Música. Iberê foi estudar com o tio na então capital do Brasil e por lá se estabeleceu. Quando concluiu o curso de violoncelo no Instituto com medalha de ouro, aos 19 anos, ganhou como prêmio um intercâmbio a Paris, onde pode se aperfeiçoar por quase dois anos na École Normale de Musique, sob a orientação de Diran Alexanian, que havia sido assistente de Pablo Casals. Iberê foi para Paris com sua irmã, Ilara Gomes Grosso, exímia pianista também formada com medalha de ouro pelo Instituto Nacional de Música e com quem se apresentava em duo de violoncelo e piano. Iberê voltou ao Brasil porque fora recrutado pelo serviço militar em 1928. Após esse período de serviço militar, começou a tocar em orquestras de rádios, como a da Rádio Nacional e em cassinos, para garantir a sobrevivência. Iberê foi músico fundador da Orquestra do Theatro Municipal do Rio de Janeiro e da Orquestra Sinfônica Brasileira e foi professor de quase todos os grandes violoncelistas brasileiros do século XX: Aldo Parisot, Nany Devos, Alceu Reis, Italo Babini, Marcio Mallard, Atelisa de Salles, Antônio Guerra Vicente, Mário Tavares, Watson Clis, entre outros. Por seu intenso e importante trabalho como pedagogo do violoncelo, podemos afirmar que Iberê foi o mentor de uma “escola brasileira de violoncelo.” Texto: Fernanda Monteiro
Jaques Morelenbaum
Iniciou seus estudos de violoncelo no Rio de Janeiro com a Prof.ª Nydia Soledad Otero, e graduou-se como Bacharel em Violoncelo no New England Conservatory, em Boston, E.U.A., onde estudou com Madeleine Foley, discípula de Pablo Casals. ​Carioca, em 47 anos de carreira como músico, Morelenbaum tomou parte em 841 álbuns, colaborando com importantes nomes da Música Brasileira como Antonio Carlos Jobim, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Egberto Gismonti, Gal Costa, Milton Nascimento e Chico Buarque, entre muitos, como violoncelista, compositor, arranjador, regente e produtor. Participou de produções musicais com artistas internacionais, entre eles Sting e Ryuichi Sakamoto. Gravou com os portugueses Mariza, Carminho, Madre Deus, Dulce Pontes, Danças Ocultas e Rui Veloso, as cabo-verdianas Cesária Évora e Mayra Andrade, os franceses Michel Legrand, Juliette Greco e Henri Salvador, o angolano Paulo Flores, os japoneses Sadao Watanabe, Goro Ito, Choro Club e Gontiti, os norte-americanos David Byrne, Melody Gardot e Chris Botti, os espanhóis Maria Dolores Pradera, Clara Montes e Presuntos Implicados, os italianos Paolo Fresu, Luciano Pavarotti, Patty Pravo, Mario Biondi, Massimo Modugno e Adriano Celentano, a russa Ksenia, os argentinos Fito Paes, Jairo e León Gieco, os colombianos Santiago Cruz e Antonio Arnedo, o cubano Omar Sosa e a mexicana Julieta Venegas. ​Recebeu o Grammy na categoria World Music, como produtor do álbum “Livro” de Caetano Veloso, o Grammy Latino de Melhor Disco de Música Brasileira, pelo álbum “Noites do Norte”, também de Caetano Veloso, e o Grammy Latino de Melhor Longa Metragem de Música Pop por sua co-produção do Acústico MTV de Julieta Venegas. ​​Participou da Nova Banda de Tom Jobim como violoncelista e produtor de 1985 a 1994, excursionou o mundo todo tocando com Egberto Gismonti de 1988 a 1993, foi violoncelista, arranjador e diretor musical de Caetano Veloso de 1991 a 2005, colaborou com Gal Costa de 1994 a 1997, também como cellista, arranjador e produtor, e com Gilberto Gil de 2009 a 2014.
Nany Devos – in memoriam
Discípula de Tomazzo Babini e de Iberê Gomes Grosso, Nany – Ana Bezerra de Melo Devos, ao longo de sua atuação no ambiente musical sinfônico e camerístico do Rio de Janeiro, levou para o exercício de sua profissão e para a vida os ensinamentos desses dois grandes mestres da Escola de Violoncelos do Brasil: idealismo, profissionalismo, dedicação à música em tempo integral, ao lado de um profundo sentimento de humanidade. Em 1950, aos 25 anos, foi das primeiras mulheres violoncelistas a integrar a “Orquestra Sinfônica Brasileira”, o que lhe possibilitou, além da realização de um sonho, a mudança definitiva de sua cidade, Natal/RN, para o Rio de Janeiro. Em 1962, por concurso, passou a integrar o naipe de violoncelos da “Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal do Rio de Janeiro” onde, por 14 anos, ocupou o lugar de concertino. Como integrante desses grupos orquestrais vivenciou, ao longo de sua trajetória, períodos muito fecundos da música sinfônica no Rio de Janeiro com a presença de grandes regentes e intérpretes brasileiros e internacionais; ao lado de temporadas nacionais, com a participação de nossos mais renomados compositores-regentes: Heitor Villa-Lobos, Radamés Gnattali, Francisco Mignone, José Siqueira, Cláudio Santoro, Alceo Bocchino, dentre tantos outros expressivos nomes de nossa música. Na trajetória de Nany, também se faz importante ressaltar épocas de profundas crises no ambiente sinfônico carioca, a persistirem até os tempos atuais, sempre à custa de sacrifícios, idealismo e capacidade de resistência dos nossos instrumentistas, em favor da manutenção de nossas orquestras. Como camerista, Nany integrou a “Orquestra de Câmara da Rádio Ministério da Educação e Cultura” e foi, além de membro fundador da “Associação de Violoncelistas do Rio de Janeiro”, uma das principais responsáveis pela brilhante atuação, em palcos cariocas, dessa Associação, que teve Iberê Gomes Grosso como patrono e o maestro Mário Tavares, como regente. Na música de câmara, atuou ainda, dentre outros grupos, em duo, com o fagotista Noel Devos. Com o seu falecimento a 27 de abril de 1995, ás vésperas de completar 70 anos, Nany – que foi considerada, ainda em vida, a “Matriarca dos Violoncelos” do Rio de Janeiro – deixou um importante legado: o extremo e abnegado amor à música, que se expandia, em todos os sentidos, no exercício de sua profissão e na sua vida cotidiana. Texto de Valdinha Barbosa, escrito a pedido de Marcelo Salles em nome da Abracello Rio de Janeiro, julho de 2022
Zygmunt Kubala – in memoriam
Violoncelista polonês, estudou na Academia de Música Frédéric Chopin, em Varsóvia, e na Escola Superior de Música de Colônia, Alemanha. Radicou-se no Brasil em 1967. Foi integrante e solista da Orquestra Sinfônica Brasileira, da Orquestra de Câmara do Brasil e do Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo. Foi um dos fundadores da Orquestra Jazz Sinfônica de São Paulo, na qual atuou como solista e “spalla”. Foi professor no Departamento de Música da Universidade de São Paulo (USP) e lecionou no Instituto de Artes da Universidade do Estado de São Paulo (Unesp). Atuou como solista e camerista no Brasil, Estados Unidos, Europa e América Latina. É autor de várias cadências de concertos para violoncelo e orquestra. Em 1997 lançou, com a pianista Rosana Civile o CD “Estados D’ Alma”, dedicado à música brasileira para violoncelo e piano. Seu último CD, Solo Ma Non Abbandonato, lançado em 2006, representa uma suscinta história do violoncelo, com obras do período barroco até o atual, mostrando sua versatilidade e alto nível artístico. Kubala faleceu em 4 de agosto de 2007, aos 64 anos, em um concerto numa igreja de Ouro Branco (MG). Naquela noite, ele disse à pianista, antes de entrar no palco: “hoje não iremos tocar, vamos fazer uma oração com nossos instrumentos”. Seus alunos e amigos conheciam e apreciavam seu lado filosófico e humano. “Precisamos ensinar o violoncelista e não o violoncelo. O violoncelista é que traz o objeto à vida, ele que precisa lidar com suas emoções e sensações”.